O Cupins das Artes era um coletivo de marcenaria formado pelo povo de rua e/ou usuários de droga criado dentro das oficinas de Raphael Escobar em um serviço da Prefeitura de São Paulo. Partindo do uso de restos de caixas de fruta e pallets encontrados dentro do CEASA, eram produzidos móveis para comercialização, tendo como público-alvo a classe média. O dinheiro das vendas era dividido igualmente entre todos, seguindo os pilares da Economia Solidária, com o objetivo de girar renda entre os participantes e atuar de modo cooperativo. Assim, além das técnicas básicas de marcenaria, todos aprendiam também a realizar vendas, cuidar das redes sociais e controlar os lucros e dividendos a fim de garantir os salários e o reinvestimento na compra de materiais.
O Cupins das Artes parte da possibilidade de aprendizado horizontal, em que todos os envolvidos são um pouco alunos e um pouco professores. Parte também da potência da escuta, realizada através das reuniões quinzenais, como base para pensar e repensar sua prática e empatia. O projeto tem como pilar a ideia de que o fazer e a prática sejam não só a construção de móveis, mas de novos mundos possíveis de se inventar. A construção horizontal pautada na Economia Solidária se propõe a uma cooperação mútua, em oposição ao modo competitivo capitalista. A marcenaria é entendida como um campo de pensamento estético, mas também de mudança simbólica enquanto promoção de auto-estima e criação de um capital simbólico coletivo. Isso faz com que o Cupins das Artes exista enquanto um caminho, do qual a arte é a porta de entrada. Mas a saída oferece percursos antes não imaginados ou traçados por um grupo que é excluído da sociedade. O Coletivo encerrou suas atividades em junho de 2020 após o seviço decidir pela demissão de Escobar e fechamento da marcenaria. |
The Cupins das Artes was a carpentry collective made up of homeless individuals and/or drug users created within Raphael Escobar's workshops at a São Paulo City Hall Service. Using leftover fruit crates and pallets found at CEASA, furniture was produced for commercialization, targeting the middle class as costumers. The money from sales was divided equally among all participants, following the pillars of Solidarity Economy, with the objective of generating income among the participants and acting in a cooperative way. Thus, in addition to basic carpentry techniques, all participants could also learn how to make sales, to manage social networks, and control profits in order to guarantee salaries and reinvestment in the purchase of materials.
Cupins das Artes starts from the possibility of horizontal learning, in which everyone involved is a little bit a student and a little bit a teacher. It also starts from the power of listening, carried out through biweekly meetings, as grounds for thinking and rethinking its practice and empathy. The project is based on the idea that to do and to practice are not only for making furniture, but making new possible worlds to be invented. The horizontal construction driven by the Solidarity Economy proposes a mutual cooperation, in opposition to the competitive capitalist mode. Carpentry is understood as a field of aesthetic thought, but also of symbolic change as the promotion of self-esteem and the creation of a collective symbolic capital. This makes Cupins das Artes exist as a path, of which art is the entrance gateway. But the way out offers paths not previously imagined or traced by a group that is excluded from society. The Collective ended its activities in June 2020 after the Service decided to dismiss Escobar and shut down the carpentry shop. |