Pagode na Lata é um coletivo formado por ex- trabalhadores, usuários e militantes que pensam no samba como insumo da redução de danos e a economia solidária como prática de autonomia. O coletivo vai ao fluxo (maior concentração de usuários de drogas da Cracolandia) com instrumentos musicais, os quais são tocados pelos músicos integrantes e também pelos frequentadores daquele território. A formação de uma grande roda de samba colaborativa propicia um espaço de alegria e felicidade em que os usuários substituem os cachimbo pelos instrumentos musicais. A Cracolândia é um dos espaços de maior disputa política e, apesar de tanto a mídia como os governos falarem do crack, devemos lembrar que este território é uma periferia no centro de São Paulo, com sua população majoritariamente formada por pretos (de 80 a 90%), por egressos do sistema carcerário (de 70 a 80%). A população que a sociedade excluiu se junta como estratégia de proteção, o crack vem para a grande maioria depois de toda a exclusão sofrida (30% dos frequentadores da Cracolândia só moram lá, mas não consomem crack). A partir da roda de samba os integrantes criam vínculo com os usuários, o que abre espaço para a troca de ideias sobre as práticas de redução de danos, que envolvem as estratégias de prevenção de doenças como HIV, herpes e sífilis por conta do compartilhamento de cachimbos, bem como a redução do uso da substância. Os integrantes do coletivo que também são usuários fazem parte do braço de Economia Solidária do coletivo, tentando proporcionar cachês para as atuações no fluxo O pagode sempre aconteceu sendo um projeto de trabalhadores do território junto aos usuários, mas em 2017 com a entrada do governo Doria e o desligamento desses trabalhadores o samba havia parado de acontecer. Por meio de um projeto de Raphael Escobar(ex-trabalhador e artista ) em parceria com o Goethe Institut e Casa do Povo, surge o Samba na Lata - uma roda de samba misturando usuários e ex-trabalhadores para fazerem uma roda de samba quinzenal em que uma lata era passada para conseguir pagar os músicos. Com a falta de condição destes ex-trabalhadores de continuar a atuar no território, e a violência que acontecia com os usuários o samba virou esporádico. Em 2019 com nova formação(sempre mantendo o compromisso de ser um coletivo formado por ex-trabalhadores e usuários), o coletivo começa a se chamar Pagode na Lata voltando com seus pilares principais de economia solidária e fortalecimento da cultura local. O Pagode na Lata é um projeto cultural-educacional sobre redução de danos que permite que a sociedade e o próprio usuário se enxergue de outra maneira |
Pagode na Lata is a collective composed of former workers, users and activists, who think of samba as a strategy to the harm reduction and solidarity economy as a practice of autonomy. The collective goes to the fluxo - highest concentration of drug users in Cracolandia - with musical instruments, which are played by member musicians and also by those who frequent the territory. The formation of a huge collaborative samba circle provides a space of joy and happiness, in which the users replace pipes with musical instruments. Cracolandia is one of the areas of most political dispute and, despite the propaganda that the media and governments creates about crack, we must remember that this territory is a periphery in the center of the city of São Paulo, in which most part of its population is black (80 to 90%), ex-prisoners (70 to 80%). Excluded by society, this population joins together as a protection strategy, crack comes for the vast majority after all exclusion suffered (30% of the people that frequents Cracolandia only lives there, but don't consume crack). Through the samba circle, members create bonds with users, which opens spaces for exchanging ideas on harm reduction practices, which involve strategies for preventing diseases such as HIV, herpes and syphilis, due to the sharing of pipes, as well as reducing the use of the substance. The members of the collective, who are also users, are part of the collective's Solidarity Economy arm, trying to provide fees for the actions in the fluxo. The pagode always happened as a project of workers of the territory with users, but in 2017 with the beginning of Doria's government and the firing of these workers the samba stopped. Through Raphael Escobar's (former worker and artist) project in partnership with Goethe Institut and Casa do Povo, comes up the Samba na lata - a samba circle mixing users and former workers to make a biweekly samba circle in which a can was passed to get the musicians paid. With the lack of condition of these former workers to continue working in the territory, and the violence that happened to users, samba became sporadic. In 2019 with a new formation (always maintaining the commitment to be a collective formed by former workers and users), the collective begins to be called Pagode na Lata, returning with its main pillars of solidarity economy and strengthening of local culture. Pagode na Lata is a cultural-educational project about harm reduction that allows society and the user to see themselves in a different way. |